quarta-feira, 24 de novembro de 2010

No tempo da delicadeza

Descobri uma palavra nova.
Não. “Descobrir” não é o jeito mais certo de dizer. Acho que, na verdade, só desvendei aquele sentido secreto que todas elas têm. Aquela coisa que só mostram a quem se interessa, a quem chega ao fundo.

Há coisas que podem ser expressadas de muitas formas. Outras de nenhuma. Umas poucas de um jeito só.

Dizer-se “encantado”, por exemplo, está fora de qualquer compreensão.

Não é de propósito, não é feitiço, não é sentimento, não é pensamento.
Disfarça-se de fenômeno da natureza. Simplesmente acontece: encanto.

Pensem, quantas vezes já nos encantamos, no sentido mais profundo, sem nem perceber? E quantas já nos confessamos encantados, exatamente nestes termos, nesta ordem de letras?

Vivendo neste mundo que nos enche de responsabilidades chatas, não há fuga melhor do que ser simples e inocentemente encantado.

3 comentários:

  1. Lembrei de uma frase de Albert Camus: "Você sabe o que é o encanto? É ouvir um sim como resposta sem ter perguntado nada"

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