terça-feira, 19 de outubro de 2010

Naftalina III

O que poderia ser diferente?
Tudo? Não, acho que há uma parte de todos nós que não mudaria, independentemente de qualquer decisão ou circunstância.
Quase tudo poderia ser de outro jeito, então.

Remexi nos armários da minha antiga casa.

Se eu fosse brega, lembraria de alguma música, e diria que joguei tanta coisa fora e vi meu passado passar por mim.
Não sou. Não esperem isso de mim. Recuso-me!

Mas no meio de tanto passado, encontrei mesmo muita coisa que me fez lembrar de tantas outras. Símbolos empoeirados de acontecimentos dos mais variados tamanhos, dos mínimos aos enormes.
Como cheguei a tornar-me eu?

Ri muito. Ri tanto... Ri mesmo do que antes me fizera chorar.

Não dá pra dizer que senti saudade. Em nenhum momento quis voltar no tempo.
(Acho que ele finalmente começa a me dar aulas sobre os infinitos modos de sentir.)

É só um prazer preguiçoso de contemplar esse alguém que fui, e que às vezes nem parece tanto assim comigo.

Se eu pudesse, guardaria tudo aquilo dentro de mim, e levaria pra onde quer que fosse.
Não posso...

Não levo comigo os papéis, mas carrego aquelas amizades, aqueles bons momentos, aquela felicidade tão louca que não dá nem pra descrever.

O que é isso? Não sei.
Mas é bom, muito bom.

E cheira à naftalina.

2 comentários:

  1. Pablito,

    Saudosista assim antes dos trinta... Imagina quando a idade, verdadeiramente, avançar!

    Lado (muito) positivo: só acha bom relembrar o passado (desculpe o pleonasmo - ninguém relembra o futuro) quem teve um bom passado... (Uau! Peeense na filósofa*)

    *Você entendeu o que quis dizer, certo?

    Bjs

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  2. De fato, não vejo motivos para reclamar do passado, por mais difícil que tenha sido, algumas vezes...
    Deixarei pra fazer isso quando me tornar político ou jogador de futebol (este último, o mais provável)! rs

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