segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um uiquéndi com vocês - Parte IX - Love is in the air

Não vou mentir.
Quando o garçom falou que a mesa teria que ser dividida com outros dois casais, vi que Hermana e Senquévis torceram o nariz.
Mas eu já conhecia a picanha do lugar, e a minha fome não estava dando muita brecha para negociações. Ainda menos se tivessem alguma coisa a ver com atraso.
Assumi o risco pela decisão unilateral, enfim.

E não é que foi bom?

Começamos com as bebidas, e logo interceptamos um papo interessantíssimo: quando eu namorava a Marcinha, blablablá, quando eu namorei a Paulinha, blablablá, uma vez eu saí com a Fernandinha, blablablá.
Sem dúvida, ali havia potencial para um bom barraco!
E não deu outra: “Caceta! Eu não sabia que você era tão galinha!”!

Rá, rá, rá.
Nada como um bom escândalo pra abrir o apetite.
Dá um alívio... A gente sempre pensa: “que bom que não sou eu que estou levando esporro!”

E não é que aquela mesa ainda guardava mais surpresas?

Todo mundo já de pança cheia, e o outro “calsalzinho” ali do lado, só de amores:
- Óun, meu cuticuticuti, quer uma sobremesinha – dizia ele, falando com a namorada como se fosse com um bebê.
- Aí, eu vô engodá e você vá me trocá – respondia ela, fazendo beicinho.

Aquela típica conversa irritante que causa em qualquer ser com o mínimo bom senso uma repulsa invencível. Além da tradicional vergonha alheia, por supuesto.

Mas sou capaz de apostar que o diálogo no carro não teve tanto gutiguti.

Isso porque, na hora que a pobre menina foi levantar, deu uma cabeçada sonora no teto (que, atrás dela, não me perguntem por que, fazia um “v” com a parede).

E o namorado? Correu pra ajudar? Que nada!
Soltou só um: “Car&*$%! Eu não disse pra tomar cuidado sua... sua... sua...” (o restaurante todo olhando, na expectativa) “sua... tapada”.

Foi tanto tempo pensando no adjetivo, que eu fiquei na maior curiosidade de saber o que tinha vindo primeiro na cabeça dele.
Até porque, se terminou no “tapada”, devia ser coisa quente!

O que aconteceu com eles, não sei.
A última cena que eles nos proporcionaram foi uma esquivada acrobática de um beijo potencialmente apaziguador.
Mas digo que não vou me surpreender nada, nada, se ela já estiver fazendo beicinho pra outro.

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