Ela não era perfeita, mas ele sabia que era muito mais do que poderia esperar.
Bonita a ponto de fazer cabeças virarem, independente, inteligente. E o mais impressionante: ou ela fingia muito bem, ou então realmente interessava-se por aquelas suas infinitas dissertações sobre os assuntos mais chatos do mundo.
Por mais de uma vez ela chegou a repreender os amigos dele. Onde já se viu? Desde quando uma discussão sobre as influências de Godard sobre o cinema pós-contemporâneo egípcio era motivo pra riso?
Ele estava feliz, enfim.
Não tinha motivos para reclamar.
E o festival veio bem a calhar: desde que começara a estudar italiano, ele tinha passado a se interessar por aqueles filmes.
Era uma boa chance de impressioná-la. “Fazer a tchutchuca ficar pirada no papai aqui”, como constumava dizer.
Discorreu longamente. De Rossellini a Fellini, passando por de Sica.
Falou tão bonito, que ela até entrou animada (ou fingiu muito bem) na sessão.
E gostou mesmo do filme.
No final, com as letras ainda correndo, e depois de uns rápidos amassos, ele achou que havia chegado o momento de fechar com chave de ouro.
Forçando ao máximo um sotaque siciliano, sacou aquela frase que tanto havia ensaiado: “Andiamo!”
Não sei se foi por causa do barulho ou da emoção, mas ela acabou escutando um equivocado “te amo”.
Nunca mais saíram juntos.
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Hahahahahahhaa...essa pessoa segue minha cartilha...será???
ResponderExcluirA ANTIGA cartilha.
ResponderExcluirPorque, convenhamos, a nova cartilha está muito mulherzinha...
Calúnia calúnia calúnia!!
ResponderExcluirVc bem sabe q foi uma curtíssima fase da minha vida...Natalhão está de volta!!