sexta-feira, 5 de março de 2010

Promoção Viaje com Hector

[Tela escura. Letras brancas subindo “a la” Guerra nas Estrelas. Locutor com voz grave.]
Você é mulher entre 18 e 65 anos?
Gosta de relatos de viagem?
Quer um só seu?
Então, é só participar da promoção...

[Fade in: foto de Hector de sunguinha branca. Mulheres em coro, histéricas.]
VIAJE COM HECTOR!

[Novamente o locutor. Tom animado.]
É muito fácil: basta comprar uma passagem para qualquer lugar do mundo em nome de Hector, H-E-C-T-O-R, Melendez, M-E-L-E-N-D-E-Z, o Z assim mesmo, com a língua entre os dentes.
Depois, é só enviar para a Caixa Postal 1505, com foto de corpo inteiro, frente e verso, e uma frase explicando por que você merece ser a Miss Melendez.

As melhores fotos ganham um fim de semana de companhia do galã dos galãs, com direito a uma apresentação íntima de funk latino.

Vai perder esta oportunidade?

[Mulheres correndo. Tumulto. Gritaria. Hector na tela.]
- Eu não perderia...

[Piscadela marota. Fade out.]

quinta-feira, 4 de março de 2010

Carnaval em Salvador - A Saga - Parte VIII - Strawberry Fields Forever

Quanto tempo você demora no banho?
Cinco minutos? Dez? Quinze?

Pois eu conheço alguém capaz de bater todo e qualquer recorde neste quesito.
Uma pessoa que mede seu tempo de toilette em horas, não em minutos.

Senhoras e senhores, com vocês, agora desfilando neste blog... [rufar de tambores] Moranguinho!

Gostaram desse jeito de menina moça, e desses gestos delicados?

Cuidado; não se enganem!
Porque, à tíbia luz da lua cheia, esse Moranguinho pode, a qualquer momento, transformar-se noooooooooooou... Psychohardcrazytrance Morango!

Você olha o rosto avermelhado, e percebe que tem alguma coisa errada.
Os cabelos ganham vida própria, e insistem em sair da sua posição...
O sorriso agora vai de orelha a orelha.

De uma hora para outra, ela começa a falar em um dialeto desconhecido: “Prvocê tchsabe chque eul khsgosto thmuito de focê, né?”

Logo, logo, vêm as outras frases (tão embaralhadas quanto, mas já traduzidas), não necessariamente nesta ordem: “Penteia o meu cabelo”, “Como é o nome dele?”, “Quero mais uma ice”, “Me dá um gole da cerveja”, “Como é mesmo o nome dele?”, “Geeeeente, muito legal estar com vocês”, “Êêêêêêêêêêê”, “Eba! Vamos pro Fortal”, “Tenho que fazer xixi”, “Caramba! Já esqueci o nome dele” e “Vou tomar outra ice”.

Sempre, é claro, acompanhadas de abraços e mais abraços nos amigos.

E quer saber de uma coisa? Na hora que isso acontecer, corra pra lá...
Porque duvido que você consiga se divertir tanto em qualquer outro lugar do mundo.

Volta, Aldir!

Qualquer escritor mequetrefe sonha em, um dia, escrever como seu grande ídolo.
Com Hector não é diferente...

Aldir Piscina. Já ouviram falar dele?

Tudo - absolutamente tudo - que se escreve aqui é uma imitação barata do estilo desse gênio da literatura jovem.

Duvida? Então, dê uma olhada:


"Profusão de Malas

Primeiro chegou o Bagunça, que surgiu primeiro como só uma cabecinha olhando para dentro da arquibancada, procurando por conhecidos, depois se animou e entrou saltitando como uma gazela com frio e praticando todos aqueles atos que tanto cobrem de vergonha a sua pessoa e embaraçam os seus amigos e conhecidos, como cheirar os cabelos das mulheres, comentar efeminadamente peças de roupas dos colegas machos ('aí, esse tom de púrpura com fúcsia não caiu bem em você!'), encostar-se a outros machos com abraços e afagos ao puxar papo e, hors-concours, arrozar a mulherada. Atrás chegou o Felipinho, que foi cumprimentar a sua fiel, Ju Pina. O pessoal ficou meio apreensivo, porque Ju tinha dito que seu outro namorado, um tal Moreno Alto, Forte e Sensual, estaria também nos Jogos – inclusive lhe mandara vários scraps no Orkut avisando – e o encontro de Felipinho e o tal Moreno Alto, Forte e Sensual, que já vinha se anunciando desde há muito, poderia acabar em pancadaria, com óbvias desvantagens para Felipinho. Depois chegou Paulinha Alexim, carregando vinte quilos de mala em cada mão e desviando bravamente de várias sovacadas dos torcedores que pulavam com os braços para o alto comemorando mais um gol. A tudo isso Aldir assistiu impassível. Mas não era tudo. De repente – não mais do que de repente – o olhar de Aldir é atraído para a entrada da arquibancada por um detalhe qualquer. No mesmíssimo instante, cruza o pórtico ele, que viria a ser a personalidade dos I Jogos Jurídicos do Sudeste; ele, que tanta diversão traria à galera; ele, que viera do Rio coladinho à traseira de Felipinho e Bagunça, os seguindo em seu carro com apenas um colchão na mala, poucas cuecas, uma enorme vontade de curtir a vida adoidado e absolutamente nenhum pouso certo, nenhum lugar para ficar – ou quase. Ele. O Tácio reserva. Júlio.

- Aí, Aldir, tudo bem, cara?
- Tudo. – Aldir mal tinha forças para falar, quanto mais ânimo.
- Aí, cara, olha só, eu tava pensando. Você acha que, por uma módica contribuição de cem reais, não tem um lugarzinho lá na casa para eu pôr o meu colchãozinho não? É que eu vim do Rio sozinho, não tenho onde ficar, e tava pensando se não teria um lugarzinho lá na casa para eu pôr o meu colchãozinho.
- Ih, Julio, não sei. Tem que ver se tem espaço lá na casa, se já não tem colchão em todos os cantinhos do chão. Vamos ver.
- Mas você acha que tem espaço?
- Sei lá, Julio. Não sei.
- Mas o que você acha? Tem ou não? Dá um palpite.
- Sei lá, Julio!
Ah. – e Julio, depois de um segundo de silêncio, foi cumprimentar os demais.


Som Abafado

Fim de dia no ginásio, as torcidas deixam o local, mas a festa não está encerrada. Hector, estacionado na frente do ginásio, abre a mala do carro e manda ver no CDzão de funk ao último volume. A mulherada vai ao delírio e se agrupa em derredor do Carro do Funk sacudindo o popozão, mexendo as cadeiras, quebrando as ancas lascivamente. Aldir, Zé e Hector ficam lá relaxando com a mulherada. Junta tanta gente no lugar que chega um fulano qualquer com uma caminhonete vendendo cerveja e estaciona bem atrás do carro de Hector, para ficar bem do ladinho de seus fregueses.

Aldir está sobre a calçada, bebericando sua latinha de skol numa boa, conversando animadamente em companhia de uma mulher. O funk é a trilha sonora deste antiqüíssimo ritual de corte e flerte, e a coreografia são mulheres de todas as faculdades batendo bundinha ao som de Glamurosa, Mc Marcinho. Estão lá entre risadinhas e gracinhas, trocando uma idéia, quando Aldir pensa ter percebido que o som do carro está meio abafado. Estranho. Dá um piparote do próprio ouvido, achando talvez que o exagero na bebida possa tê-lo entupido, mas nada. Uma luzinha vermelha se acende no cérebro de Aldir. Ele tenta, disfarçadamente, quebrar o pescocinho para o lado para ver o que estava exatamente acontecendo sem que sua companhia se sinta desprestigiada com a falta de atenção do interlocutor. Resta infrutífero o esforço. O sexto sentido de Aldir se aguça, pinicando-o por dentro. Algo está errado, muito errado. Entre a sobrevivência imediata e a mulher, Aldir caga para a conversa e vira para o carro, apenas para ver uma cena estarrecedora: o carro está com as portas e vidros todos fechados, e motor ligado, se preparando para partir! Aldir se desespera e sai correndo tal e qual um retardado, catando cavaco, pronto para se jogar na frente do capô. Chega junto à lataria e começa a esmurrar a porta, gritando em descontrole.

- Abre a porta! Eu quero entrar! Não me abandonem! Abre! Abre!

Ante ao lamentável papel a que Aldir se prestava, Zé é condescendente e abre uma frestinha do vidro do carona. O ébrio Aldir toma distância para pegar impulso na corrida e, no embalo, pular pela fresta para dentro do carro, caindo sobre o colo de Zé e do motorista. Não poderia falhar. Zé percebe a intenção e pára de abaixar o vidro. Bota a boca no pedacinho de fresta que ficou e solta a aterradora realidade.

- Aldir, você vai com o Júlio. – e, com medo da reação, fecha o vidro no mesmo instante.
- Não! Não! Nãaaaaaaaaaoooooooooooooo! – a verdade era dura demais e calou como uma pedra no coração de Aldir.

O carro de Hector parte em um piscar de olhos cantando pneus e acelerando para beeeem longe para fugir do passageiro extra, e Aldir, como os cachorros abandonados em filme, ainda vai correndo atrás, ainda gritando 'não, não, nãaaoooo!...', até que o carro se distancia. O som de funk que se desprendia da mala vai ficando cada vez mais longe, longe, longe, até sumir no horizonte. O pessoal que ainda estava por ali faz um 'aaaahhh' coletivo de frustração com o fim da festinha improvisada. Aldir se senta no meio-fio, põe o rosto entre as mãos e começa a chorar copiosamente. Surge Julio de alguma profunda sombra com o carro, abre a porta e fala para o desconsolado Aldir.

- Ô, Aldir, pode entrar! É o Julio, de Fortaleza! Eu pago a corrida!

Aldir, fazer o quê?, entra. Ainda fungando".

quarta-feira, 3 de março de 2010

Carnaval em Salvador - A Saga - Parte VII - Queimando a largada...

Título alternativo: "A Dança do Besouro"®.

Sexta-feira. Quase Carnaval. Clima de festa.
Tudo muito bom, tudo muito bem...

Hector e Lete, a essa altura, já têm companhia. E olha que não é uma companhia qualquer.

Com dezoito Carnavais nas costas, Besouro já sabe de cor o horário de todos os blocos, conhece todos os taxistas, dá dicas sobre a rota mais rápida, prediz o tempo pelo espessura do colarinho da cerveja, e conta histórias da época em que os trios ainda eram puxados por carroça.

Quando o conheceram, Hector e Lete nem imaginaram que Besouro, além de tudo isso, ainda tinha uma carta guardada na manga de seu abadá: a (ainda não) famosa "Dança do Besouro"®.

Os movimentos são muito mais difíceis do que qualquer Reboleichon; Besouro teve que repeti-la 387 vezes para que Hector pudesse, enfim, aprendê-la.

Aos corajosos que queiram se aventurar, eis o caminho das pedras:

INGREDIENTES:

1 mochila para líquidos, 2 litros de vodka, 12 latinhas de cerveja, 1 bandana vermelha, animação a gosto.

MODO DE PREPARO:

Antes do bloco: Abra uma latinha. Beba enquanto veste o seu abadá. Abra outra latinha. Amarre uma bandana vermelha na cabeça. Abra mais uma latinha. Beba enquanto não está fazendo nada. Abra outra latinha. Beba enquanto pensa nas últimas latinhas. Pegue as duas garrafas de vodka. Enquanto despeja todo o conteúdo de uma na mochila, beba a outra garrafa. Beba as outras oito latinhas enquanto os amigos estão se arrumando. Beba toda a vodka da mochila antes de o bloco começar.

Durante o bloco: Ande vinte metros. No meio da multidão, jogue-se de costas no chão. Enquanto cai, movimente freneticamente os braços. Ainda durante a queda, tente se agarrar a algum folião desatento. No chão, balance braços e pernas de forma totalmente descoordenada. Tente levantar. Desista. Tente novamente. Desista. Balance a cabeça quando falarem que você "queimou a largada". Ria. Deixe que o levantem. De pé, repita o movimento.

Depois do bloco*: Escolha dois baianos corpulentos para o carregarem até o táxi. "Voluntariamente"**, pague R$ 50 pra cada um. Use duas latinhas como muleta. Durma em frente à primeira porta que encontrar. Espere a chegada dos amigos.

No dia seguinte: Reclame de dor nas costas. Ria. Abra uma latinha. Mantenha a animação e o bom humor. Volte ao início.

(Homenagem ao Besouro, "amigo novo, parceiro novo"...)

* Segundo relatos.

** N.E.: As aspas, aqui, dão a entender que o autor está sendo irônico.

O meu "8 1/2"

Tac, tac, tac, tac, tac [passos]

[silêncio]

Onde é que eu falo? É aqu... iiiiiiiiiiiiircccccch [microfonia]?
Este troço está ligado?
Alô! Tuc, tuc, tuc. Alô! Aaaaa-lô!
Tesssssssssssstando.
Uh! Doih! Trêh!
Tesssssssssssstando.

Ok!

Grrrrtgrrruuuuuuuuuum [pigarro].

Bem, eu já sei o que você vai dizer...
E eu confesso: estive ausente.

Pensei até em inventar uma desculpa qualquer.
Falar - sei lá! - que comi um acarajé estragado e passei uma semana no banheiro.
Mas, neste tempo dos notebooks, palmtops e iphones, acho que até o papel higiênico deve ter acesso à internet.

Então, acho melhor falar logo a verdade.
E a verdade é que estou em uma severa crise de inspiração.

Agora mesmo, estou parado feito um paspalho em frente ao computador, e não sai nada.
Já tentei até brincar de caça-palavras no teclado (encontrei um "pô", um "oi", um "ui", e até um "tres" bem forçado).
Putz! Não acredito que você se deu ao trabalho de ir conferir!

É... Pelo visto, nunca vou conseguir terminar minha nona postagem.

Então, senhoras e senhores, voilà: eis o meu post "8 1/2"!