segunda-feira, 15 de março de 2010

Carnaval em Salvador - A Saga - Parte X - A pata do camaleão

Algo perturbava Hector.
Veio assim, de mansinho, e logo, logo, ele não conseguia pensar em mais nada.
Era como se a sua bexiga, de uma hora pra outra, tivesse tomado a decisão: "hoje é o meu dia; hoje não tem Carnaval pra você".

Olhando para o lado, só o que se via era uma multidão que, insensível à luta interna travada por nosso galã, erguia as suas grandes patas alegóricas de camaleão.

Bem, fosse um desenho animado, teria, nessa hora, brilhado uma lâmpada ao lado da cabeça de Hector: sua salvação estava ali, ao seu lado, o tempo todo.
Como que por iluminação, viu que, pra resolver o seu problema, bastava colocar a mão na massa... digo, na pata!

O plano, simples, logo começou a ser executado.

Com toda a discrição que o seu abadá permitia, e um singelo assobio para demonstrar que não fazia nada a que não estivesse acostumado, sentou-se ao asfalto em ebulição.
A pata do camaleão posicionou-se em seu lugar, a proteger a casta intimidade de Hector.
Estava tudo pronto...

E teria corrido bem se Lete - ela, sempre ela - não tivesse soltado o berro:
- Ai! Que nojo!

Aí, meu amigo, babou.
Em uma fração de segundo, abriu-se um clarão tão grande em volta de nosso herói que, dizem as más línguas, fez com que aquela patinha pudesse ser vista até do espaço.

Besouro bem que tentou ajudar.
Despejou uma latinha inteira ao lado do ouvido de Hector, fez barulhinho de chuva e até cantou a musiquinha do xixi.
Mas não teve jeito. Veio a confissão: "travei"!

Ainda meio envergonhado, Hector levantou-se do chão, deu umas sacudidelas na bermuda empoeirada e, tentando misturar-se aos outros foliões, acenou com a patinha que, momentos antes, poderia tê-lo salvado.

O dia era mesmo da bexiga...

terça-feira, 9 de março de 2010

Quem foi o retardado...

...que colocou um GORDO pra fazer propaganda de um refrigerante ZERO?

É mais ou menos como botar um careca pra fazer comercial de xampu.

Eu já parei de beber...
Guaraná! Que fique claro.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Carnaval em Salvador - A Saga - Parte IX - Baianidade Nagô

Rudrigo Nagô é um baiano tão baiano que, perto dele, Caymmi ficaria parecendo um sueco.

E foi ele - Nagô, não Caymmi - quem apresentou aos nossos amiguinhos a “caça aos cordões” (atividade que, em número de praticantes, só perde para a mui extenuante “caça ao garçom baiano”*).

Testemunhas dizem ter ouvido Lete reclamar – “sem segundas intenções”, jura ela, de pés juntos – que, depois do quarto dia de Carnaval, não havido conseguido sequer um cordãozinho de um Filho de Gandhy.
De pronto, foi rejeitada e seguida de severa reprimenda a sugestão de Hector: a de que Lete comprasse o tal adereço por mísero R$ 1.
Bom de coração que é, ainda lhe ofereceu, gentilmente, um dos seus, beata atitude punida com uma bofetada.

Nagô, que do seu canto observava tudo com um risinho de deboche, logo encontrou a solução.
Lançando-se feito um bólido no meio da multidão, sempre com o dedo em riste apontando para Lete, passou a interpelar qualquer Gandhy que passasse pela frente. E olha que não só os Filhos. Netos, tios, primos de quarto grau; ninguém escapou.
Há rumores, inclusive, de que Nagô tentou conseguir um colar até com o Tio-Avô de Gandhy, aquele que sempre faz piadas depois de flatular à mesa.

E todo esse esforço – pasmem! –, por alguma razão totalmente desconhecida, foi incompreendido por Lete, que, numa perseguição digna de filme hollywoodiano, passou a tentar agarrar-se ao pescoço de Nagô.
A sorte dele foi a de, no calor do momento, lembrar que Lete é incapaz de saltar de uma altura maior que 15 cm.
Aí, foi só atrai-la para o posto de observação policial (de onde Hector teve que tirá-la, muito tempo depois, afogada em lágrimas, antes que o pior acontecesse).

Resultado: Lete chegou em casa sem nenhum cordãozinho. E toda suada.

Não sei se é verdade, mas ouvi dizer que, agora, Nagô passa duas voltas no cadeado antes de dormir.
Tudo porque uma vidente leu nas cartas que alguma doida ia tentar enforcá-lo com um cordão azul-e-branco. Ou algo do tipo, não lembro direito...

* A última vez que a espécie, dotada de apuradas técnicas de mimetismo e camuflagem, foi vista atendendo ao chamado de uma mesa foi no Carnaval de 1997.

domingo, 7 de março de 2010

Domingos

Ah! Nada como passar a tarde de domingo lendo um bom livro, comendo uma boa comida congelada, e vendo uma boa comédia româ... digo, um bom filme do Chuck Norris.

Foi sem querer querendo...

Eu sei que é difícil de acreditar, mas eu (ainda) tenho uma vida social.
Não chego a viver como um ex-BBB, mas tenho lá minha programaçao de fins de semana.

E foi na última dessas incursões ao mundo real que eu ouvi a pérola.
Poderia até ter passado despercebida, mas não passou: “Foi sem querer que eu beijei a sua boca, menina tão louca, eu quero te beijar”.

Silepses afora, me explica esse negócio. Como é que funciona?

O cara está lá andando na rua, desatento, pensando no presente de aniversário que vai dar pra vovó. De repente, pá! Percebe que, ao invés de uma, tem duas línguas na boca.

Dá até pra reparar que a música tenta explicar: “menina tão louca”.
É! Só pode ser doida mesmo...

Agora, pensando bem, essa estória pode ser até perigosa.
Porque você, prestando atenção, já não beija boa coisa.
Se começar a sair por aí dando beijo sem querer, corre o risco, no meio do caminho pra padaria, acabar agarrado com uma mulher de barba e pomo-de-adão.

E aí, meu amigo, é tarde demais!

Cuidado, viu?