Rudrigo Nagô é um baiano tão baiano que, perto dele, Caymmi ficaria parecendo um sueco.
E foi ele - Nagô, não Caymmi - quem apresentou aos nossos amiguinhos a “caça aos cordões” (atividade que, em número de praticantes, só perde para a mui extenuante “caça ao garçom baiano”*).
Testemunhas dizem ter ouvido Lete reclamar – “sem segundas intenções”, jura ela, de pés juntos – que, depois do quarto dia de Carnaval, não havido conseguido sequer um cordãozinho de um Filho de Gandhy.
De pronto, foi rejeitada e seguida de severa reprimenda a sugestão de Hector: a de que Lete comprasse o tal adereço por mísero R$ 1.
Bom de coração que é, ainda lhe ofereceu, gentilmente, um dos seus, beata atitude punida com uma bofetada.
Nagô, que do seu canto observava tudo com um risinho de deboche, logo encontrou a solução.
Lançando-se feito um bólido no meio da multidão, sempre com o dedo em riste apontando para Lete, passou a interpelar qualquer Gandhy que passasse pela frente. E olha que não só os Filhos. Netos, tios, primos de quarto grau; ninguém escapou.
Há rumores, inclusive, de que Nagô tentou conseguir um colar até com o Tio-Avô de Gandhy, aquele que sempre faz piadas depois de flatular à mesa.
E todo esse esforço – pasmem! –, por alguma razão totalmente desconhecida, foi incompreendido por Lete, que, numa perseguição digna de filme hollywoodiano, passou a tentar agarrar-se ao pescoço de Nagô.
A sorte dele foi a de, no calor do momento, lembrar que Lete é incapaz de saltar de uma altura maior que 15 cm.
Aí, foi só atrai-la para o posto de observação policial (de onde Hector teve que tirá-la, muito tempo depois, afogada em lágrimas, antes que o pior acontecesse).
Resultado: Lete chegou em casa sem nenhum cordãozinho. E toda suada.
Não sei se é verdade, mas ouvi dizer que, agora, Nagô passa duas voltas no cadeado antes de dormir.
Tudo porque uma vidente leu nas cartas que alguma doida ia tentar enforcá-lo com um cordão azul-e-branco. Ou algo do tipo, não lembro direito...
* A última vez que a espécie, dotada de apuradas técnicas de mimetismo e camuflagem, foi vista atendendo ao chamado de uma mesa foi no Carnaval de 1997.
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