sábado, 10 de abril de 2010

Quatro amigos, nenhum destino - Uma aventura no Cone Sul - Parte V - “Hoje não! Hoje não! Hoje sim... Hoje sim...”

Cataratas do Iguaçu. Estação do trem que leva à Garganta do Diabo.
Todos querem ver a mais famosa atração. A fila é gigante.

Saídas só de hora em hora, mas a próxima dali a cinco minutos.
Seria o primeiro golpe de sorte da viagem?

A placa não era nada animadora: apenas 50 felizardos teriam a oportunidade de ir daquela vez.
Poucas esperanças, considerando o tanto de gente que estava por ali.

Por via das dúvidas, resolveram contar:
- Quarenta e sete, quarenta e oito, quarenta e nove, cinquenta! – dizia Shmaicols, apontando o dedo para o quarto e último integrante da trupe.

Por alguns segundos, ficaram perplexos.
Aquele, definitivamente, era um presságio... A sorte estava mudando!
Afinal, quando poderiam imaginar serem eles – logo eles! – os sortudos a ocuparem os últimos lugares, tão disputados.

Naaqueles cinco minutos que faltavam para a partida, o mundo foi todo felicidade.

Ou melhor, até o quarto minuto.

Porque no quinto, no último, quando a fila já dava sinais de que ia andar, surgiram duas sombras no horizonte.

Câmeras penduradas no pescoço, camisas floridas, andar vagaroso...
O casal de velhinhos era tão simpático que, na hora, (quase) todos na fila deram aquela quebradinha no pescoço e soltaram um “oooooooooohn”.

Mas nossos quatro amigos não acharam tão bonitinho assim.
Prevendo as catastróficas consequências que o exercício da prerrogativa de idade poderia trazer à sua viagem, discretamente tentavam acelerar a fila, dando ligeiros empurrões nos que estavam à frente.

Suspense.

A decisão ficaria para o photochart.

Na hora H, Lacerda atirou-se de cabeça na entrada.
Enquanto esticava o pescoço, viu uma bengala, no sprint final, ultrapassar a linha de chegada.

Aquele velhinho, definitivamente, sabia usar suas armas.

Como que desdenhando da derrota alheia, ainda soltou um “Muchas gracías, hijo”...

- Poupe seus gracejos! A nós, você não engana... – foi tudo o que pensaram os nossos amigos.

Tiveram que sorrir amarelo e, meio envergonhados, meio descrentes, viram o funcionário esticar a corda na sua frente.

Iam ter que esperar por uma hora.

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