Hector era o único dos quatro que sabia identificar se um mapa estava ou não de cabeça pra baixo ou do lado avesso.
Os outros três só acertavam os direita/esquerda metade das vezes.
Ou seja, quando Hector não estava olhando, ficavam todos ao deus-dará.
Mas, depois de um pegapacapá com a dupla que estava na direção - por um motivo justíssimo, diga-se de passagem -, resolveu fazer greve de seu posto de navegador.
Ficaram, então, feito cucarachas tontas na Sierra Maestra.
E o ponteirinho do combustível descendo, descendo, descendo...
Duas horas perdidos.
Nenhum carro à vista.
Conseguiram encontrar um pastor, que, com toda a calma, carregava as suas lhaminhas.
- Holas! Donde hay una estación de servicio? – largou Hector, com um espanhol mais argentino que o de qualquer hermano.
- Qué?!
Para desespero deles, aquele indivíduo parecia nunca ter ouvido falar em posto de gasolina.
Mas ao menos sabia apontar o caminho.
Era atrás daquele morro láááááááá do outro lado...
Coçaram a cabeça...
"E tem jeito?"
Resolveram que, dali pra frente, só iriam descer.
Afinal, tinham que economizar as últimas gotas do tanque.
Foi aí que, lembrando da Bruxa de Blair, resolveram gravar um vídeo para explicar a sua morte em circunstâncias tão esquisitas.
Mas nem isso fizeram direito.
No meio da gravação, vruoooooooooooooon... O único carro surgido durante a tarde inteira passa a toda velocidade.
Risos gerais. Alegria ou desespero?
Nem deu tempo de saber...
De longe, viram o posto. Era, finalmente, a salvação.
Ou não.
Só muito perto perceberam que algo ali estava meio esquisito.
Pára, não pára, pára, não pára, pararam.
Hector foi lá conferir.
Na loja de conveniência, ao invés de cervejas e salgadinhos, uma família inteira jantando.
Não sabia se saía correndo, chorava, ou falava alguma coisa.
Não fez nenhum dos três... Ficou parado com cara de palhaço, até finalmente perguntarem o que queria.
“Nafta” foi só o que conseguiu responder, num tom de quem pede água no deserto.
Só parou de chorar quando descobriu que tinha um posto funcionando ali na esquina seguinte. Era só, ao invés de seguir reto – para onde, aliás, estavam indo os quatro –, virar a esquerda.
Aí, encheram o tanque de gasolina.
E o estômago de cerveja.
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