sexta-feira, 18 de junho de 2010

Diga que valeeeeu!

Acabo de receber a notícia de que Saramago morreu.
Morreu.
Não "faleceu", não "descansou", não "foi pro céu". Morreu.

Falo isso porque as pessoas precisam começar a se acostumar com o fato.
Todo mundo vai morrer um dia e, até que me provem o contrário - "com certidão passada em cartório no céu, e assinado embaixo: 'deus'" -, não há nada após a morte.

Ou melhor, para aquele que morre, nada resta após bater as botas.
"Mas também é certo, se isso lhe serve de consolação, que se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as conseqüências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala".

As palavras são do próprio Saramago.

E, numa época em que os novos clássicos têm o quilate de "Os cavalinhos de Islamabad" e "Pai bilionário, filho triliardário", ele tem, sob o meu modesto ponto de vista, enormes méritos.

Sendo um grande escritor - como ainda existem muitos -, conseguiu aventurar-se com sucesso - como conseguem poucos - em um mercado editorial encharcado de lixo.
E, melhor de tudo: em nossa língua irmã, o Português.

É deliciosa literatura, concordando ou não com as suas ideias.

Saramago, certamente, vai deixar saudade.
Fez por merecer o respeito (e as reportagens e coletâneas) que deve receber agora.


E.T.: Ô!, Veríssimo, vê se não vai me aprontar uma dessas, tá?

2 comentários:

  1. "O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença". Aprendi com Saramago.

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  2. Um Eufemismo,de vez em qd ñ faz mal!

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