domingo, 1 de agosto de 2010

O post nosso de cada dia

A noite transcorria suave. Segundo a segundo, minuto a minuto.
Sem sobressaltos; um prazeroso gastar de tempos com os amigos.

Hermana, como de costume, mostrava quem comandava o grupo, com mais uma daquelas frases que só atingem o grau máximo de virilidade se saídas de sua boca: “Pô! Pediu o telefone pra mulher? Ah! Que bicha...”.

Juan bolava mais um plano mirabolante para uma conquista já anunciada (guardem a informação; falaremos sobre isso num futuro próximo), enquanto Hector tentava fazer anotações em seu esquálido bloco de notas mental.

Quando de repente, não mais que de repente, um facho vindo dos antepíncaros do inferno iluminou sua noite.

Dançando feito uma galinha possuída pelo espírito da Lacraia, o sujeito cruzava e descruzava os braços na frente do peito, ao mesmo tempo em que jogava as luzes de seu celular-lanterna sobre sua parceira.

Ela, que era um caso à parte.

A... [pigarros] digamos assim... rechonchuda porta-bandeira mais parecia um poste. Ao menos do pescoço pra baixo. Porque a cabeça sacudia direitinho ao ritmo dos tamborins.

Que bela cena!

Não demorou muito tempo para que se abrisse – em meio a risadas e esbarrões - uma roda em volta do casal de dançarinos.

A japonesa, que ensaiava os primeiros passos de um gingado miudinho malemolente, até parou, envergonhada e indignada por não ter sido – provavelmente pela primeira vez em sua vida – o destaque excêntrico do samba.

Hector agradeceu. Depois daquela semana difícil, finalmente conseguiu anotar algo em seu caderninho: “Obrigado, senhor, pelo post nosso de cada dia”.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Mas eh claroooo...só quero por uma noite! Pedir telefone é coisa de mulherzinha!!

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