segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Quebra minha Canoa - Parte V - O encontro

Era um casebre acima de qualquer suspeita.

Na porta, um senhor cofiava o bigode e fumava tranquilamente um cigarro, na austera companhia de um cachorro, que – não duvido – devia ter um merecido nome de “Matador”, ou algo que o valha.

- Quero falar com o Seu Manel, por favor.
- Quem deseja?
- Eu.
- Você é de onde?
- Tem carvão? – habilmente, driblava as perguntas pessoais, inconvenientes.
- Isso eu tenho que ver com o Manel, meu marido.

Era difícil de acreditar.
Aquele ser bigodudo na porta não era um homem, mas uma mulher.
Sopesou: “se ela tem testosterona desse jeito, imagine ele...”

As pernas bambearam.

Para sua surpresa, um ser franzino, delicado, vestido unicamente de short e chinelas sorriu simpaticamente para ele.
Certamente pensou: “ao menos, é corajoso”.

- Olha, aqui comigo acabou, tente ver no Mercadinho lá de baixo. Use a senha “pelo amor de deus! Tem carvão?”.

Pensando melhor, não lembro bem se ele disse essa última frase.
Mas ela certamente ficou subentendida no seu sorriso jovial, no seu olhar maroto.

Hector ainda deu três passos pra trás, testando as reações.
Soltariam o Matador (ou Sultão, ou Thor, ou Bruno) em cima dele?
Iria querer apagar a provável única testemunha do mundo exterior? Aquele que tinha visto sua casa, seu rosto, seu cachorro e até o bigode de sua mulher?

Não.
Ele era experiente. Provavelmente, já tinha assistido a “O Poderoso Chefão” mais de mil vezes... Sabia, só pelo olhar, quem era perigo e quem não era.

E Hector era apenas um medroso desesperado, tentando provar a si mesmo e aos amigos que era também capaz de alguma façanha, de algo extraordinário que fugisse de sua rotina.

Isso tudo Seu Manel soube de pronto.

Um comentário:

  1. Ei, mas a saga valeu a pena!

    O churrasco ficou ótimo; o pão de alho, ainda melhor (pq fui eu quem fiz, óbvio!); as azeitonas de Senquévis estavam quase frescas, mas, ainda assim muito saborosas...isso sem falar na Sprite com vodka.

    Poderíamos promover um encontro daqueles que participaram dessa cruzada em nome da diversão, em conjunto com aqueles que furaram na véspera da viagem (não é verdade, Juan??) e, até mesmo, com quem quis muito ir, mas, restou impossibilitado...

    Depois de virarmos quase 1 litro de vodka, saímos os 4 cambaleando em direção ao quarto para, somente às 23h47min daquele dia fatídico, conseguirem acordar rumo a mais uma saga: comer em canoa, em pleno sábado, após as 10 da noite...

    E que venha a lasanha...

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