segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Um uiquéndi com vocês - Parte III - Rala coxa

O “de leve” acabou atravessando a rua e, com malas e tudo mais, caindo no gandaia.

Juntaram-se à trupe Hermana e suas bugigangas, bem a tempo de ver um conflito intercultural chegando ao seu limite de tensão.
Não exagero quando digo que, por pouco, não se tornou um incidente diplomático. Foi só por esse tiquinho aqui ó que não presenciamos uma nova morte de Francisco Ferdinando.

Explico.

A gringa, como era de se imaginar, sambava sem qualquer ginga, mas destilando sua inacreditável inocência.
Era como se fosse a passista no carnaval do mundo de poliana.

Temos que admitir que parecia presa fácil.

Não demorou muito para que se juntassem à sua volta, surgidos das catacumbas das noitadas, aqueles seres que conseguem ser descartados pelas mulheres até no bate-papo do Uol.

O mais afoito pulou em cima como um náufrago que se agarra à tábua da salvação.
E foi um tal de passinho pra cá, passinho pra lá, cheirada no cabelo, piadinha no ouvido, piscadela pros amigos.
Brincando, brincando, passou uma meia hora...

Tudo ia muito bem, até que o aventureiro, já agradecendo à mãe por obrigá-lo àquelas aulas chatíssimas de Inglês, resolveu colher seu prêmio por toda a atenção dispensada.
Fechou os olhos, fez biquinho e... quase levou um tapa na cara.

“Você não é gay?!”

Pobre guerreiro.
Se fosse só um fora, tudo bem, ele já estava mais do que acostumado. Era praticamente rotina.
Mas aquilo era uma afronta à sua auto-estima reconquistada há poucos minutos.

Ficou tão indignado que precisaram retirar às pressas a americana, ainda incrédula.
Saiu jurando que nunca mais poria os pés num país onde não se pode sequer ralar as coxas inocentemente com um novo amigo...

Um comentário:

  1. hahahahahahaha

    Fiquei assustada, quando, pondo os meus pezinhos no RJ, liguei para Hermano, e ele me disse que fosse com malas e cuias àquele dito lugar, na Lapa (com o detalhe que nenhum taxista conhecia esse lugar.

    Larguei minha mala na recepção, do ladinho da de Hector, e cai no samba...

    Qnd avistei Hector, fui imediatamente indagada: "como anda o seu inglês?"...so dps de um lag de 10 segundo entendi a razão daquela pergunta...hehehehe! duas legítimas gringas dançavam, realmente, de uma maneira bastante peculiar...

    Enfim, meu ingles rudimentar serviu para entender oq já era suficiente naquela noite: "pq os homens brasileiros são tão atirados, eim?"...deu vontade até de falar: "my darling, só se for com vcs esse "atiramento"...vai lá no meu Ceará pra vcs terem idéia do que é morgação masculina..."

    mas, preferi rir e dizer que aquilo era normal...vou apresentá-las às noites aqui no Ceará...

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