terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quebra minha Canoa - Parte VI - Cinco reais

E foi só seguindo sua pista que conseguiram encontrar.

- Pelo amor de deus! Tem carvão?
- Quanto?
- Como assim quanto?! Quanto é?
- Cinco reais.
("Cinco reais" um saco? Um quilo?)
- Ok. Vou levar.
- Quanto?
- Errrr... - experimentou levantar dois dedos, ainda sem saber se tinha pedido dois quilos ou duas árvores.
- Ih! Quanto é dois? Vê aqui... – e, num enorme saco escondido atrás da lata de lixo, abraçou uma quantidade expressiva de carvão, jogando tudo numa sacola de supermercado – Isso aqui tá bom?
- Mais um pouquinho só – disse Hector. Nem precisava, mas a curiosidade irresistível de tentar, no final, descobrir qual era o sistema de apreçamento do negócio era mais forte.
Outro abraço no saco gigante, e mais um sacola de supermercado nas mãos.
- Quanto é?
- Cinco reais...

E devo dizer que o “cinco reais” foi falado com um ar de superioridade que dizia: “que cara maluco, não faz nem dois minutos que eu disse o preço”.

Saiu da loja ainda confuso, uma neblina que deve ser comum naqueles que reemergem de um mundo misterioso e incompreensível. Mas estava contente. Eram quatro da tarde, e finalmente o churrasco começaria.

Não sabia exatamente o que era real, o que era fome.

Do lado de fora, Senquévis, tamanho era o seu nojo, conseguia esticar o braço no dobro de seu real comprimento. Era um verdadeiro homem elástico.
Pudera... Não sei se de propósito ou sem querer, puseram logo ele para carregar as carnes.

“Eu não vou levar esse cadáver” – gritava.

Hector passou direto, fingindo (só fingindo) não escutar.

Tudo parecia só um sonho maluco...

Um comentário:

  1. Hihihihihihihihi

    Eu sei quem entregou o cadáver pra Senquévis segurar!!! E não fui eu...

    O coitado gente!! Era muito nojo segurando aquela sacola...hahahahahaha

    E eu só conseguia rir, rir e rir...

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